sábado, 14 de janeiro de 2012

Ode ao que não se sabe

Oh mística neblina de pedras e de sal
Oh vento fugidio impalpável e desleal
Que montras nos mostras nas entranhas do fulgor
Que céu luzidio espelha o teu esplendor
São mortes devidas do espectro sem fim
São noites perdidas, sombras em mim!

Hua dúvida nos fascina
em divina salabridade que minh'alma,
Perplexa e perdida,
procura na tua voz, rouca e fina.
Canta para meu ser mesquinho e frágil
Deixa que este meu parecer se torne forte e ágil.
Agita-me a monotonia do teu esperar
Palpitam-me os ventrículos, começo a ofegar
Tua calma afaga o meu pudor
Será que no fim de tudo espera-me o amor?
Sendo nós imortais
qual seria o fim da vida?
Procuraríamos ser mortais, procuraríamos sentir a ferida
Quem não sente não vive
Arrasta-se com os ponteiros das rodas do tempo
Cala-se e finge que caminha
Ri-se em triste e só fingimento.

E pergunto-me, de que vale tão pouco o muito esperar,
Que me valem as incertezas do teu olhar
E vôo, canto, corro, fujo,
divago, deambulo, procuro refúgio
Mas nesta corrida de fim sem destinar
Na triste ironia do tempo a passar
No fim de tudo e todo o fim
Encontrar-te-ei sentada, a sorrir para mim.